sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Norte Poético

O Norte. Um norte generosamente frio fez-se à vida - em mim. O Carnaval passou-me ao lado, assim como uma tromba de água na sarjeta atirada pelo "homem do lixo". O regresso, um parto difícil...um desdobramento da alma. Um acordar com os olhos postos no alcatrão que, kilómetros a fio, a frio, nos perseguiu malvadamente pela noite dentro. Pela noite dentro, nos fomos enlouquecendo em verbos fedorentos, a acusar o cansaço. As murtalhas, os filtros sebosos e pedantes, as unhas fendidas e escurecidas, suadas de horas a fio, a frio. No alcatrão, pintei-lhe o desejo de um lençol de pernas quentes à vista, de um meloso camembert à minha espera, no frio do meu frigorífico. No alcatrão, pintei-lhe a minha humilde almofada de algodão, que dia após dia teima amar a minha paz. Talvez tenha regressado. Talvez tenha regressado ao mundo dos vivos. Talvez...não sei.

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