sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Norte Crú

Uma viagem é uma alucinação passível de descrições poéticas ou cruas.
Norte crú...
O Norte crú são kilómetros de estrada a pensar, pensar, disparar, disparatar, desbaratar....são as malas, a expectativa do quarto onde está prometida a paz. Pensão Cristal...lol...os conceitos são curiosamente tão distintos: pode uma pensão prometer algum cristal? Foi num quarto triangular, sem dúvida cristalino nas almas que nele se afogaram, que éramos três. Outros 2 noutro e outro noutro..."Outros noutros" curiosa a expressão..Homem de leste na recepção de sorriso intenso em hora de deitar.
Homens a deitar: já me vem o hábito à memória. São de fácil trato em estrada, porque o cansaço os assombra por volta da 1 da manhã. Calam-se as caras por debaixo dos cobertores. Cedinho pela manhã, são curiosamente eles que me acordam e me obrigam a despertar os músculos, tendões, nervos e toda a panóplia de líquidos humanos que se afundaram, há muito, no calor de estranhos e achatados lençóis. Claro depois, disputam-se as horas de duches e afins:) afins a quanto obrigam! Todos querem sagrar a casa de banho. Somos de carne e osso, somos animais do mundo: comemos e despejamos.
Na manhã de 20, avistei no estreito corredor da pensão cristalina o Senhor Grego. O Senhor Grego imiscui-se na minha vida. Na minha singular vida, pôs-se ao meu lado, e colocou a sua chávena perto da minha. É grego sim. Disse-me que adorava Portugal. Seguia para o Minho, mas que em breve voltaria para a sua ilha, que era sua. Sua, a ilha! Tinha um perfil freudiano: barba branca, verticalmente demorada. Pareceu-me Deus. Seria Deus?

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