quarta-feira, janeiro 31, 2007

Razão

(Tenho estado atenta à discussão do aborto)

Lá largámos a Lapa e seguimos pela estrada em direcção à Quinta do Borel (Amadora Quite City). Um frio...a conversa sobre o aborto lá disparou na boca sábia e vivida do Filipe. O meu precioso Filipe. O João acrescentou mais umas observações, as me. Conclusão: chegados ao destino, a equação do parlatório mantém-se uma incógnita....
Para mim, todos ralham e ninguém tem razão...conhecem o provérbio por inteiro?
"Já estou naquela fase em que quanto mais oiço, mais gosto."

Pois, acho que é uma das frases mais ouvidas do ano....acho que este reparo aplica-se a quem prova pela primeira vez ostras. Talvez? Claro, uns ficam-se pelo caminho. Outros, viciam-se descaradamente e dispostos a pagar o necessário.

Pela arte, sempre estive disposta a pagar o necessário. A única droga à qual me sujeito. Os efeitos valem cada cêntimo.

Downloads: já dizia na Underground (2006) que apoio o mercado da pirataria ao jeito de uma Robina dos bosques. Lamento chocar. Mas quem não tem, não pode ser privado. Permintam que a malta se injecte de cultura. Um mal necessário perante o abuso das margens de exploração, crime esse de origem.
Tenho esta visão utópica e amaldiçoada.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Nick Cave

For you S. É plágio blogista...mas é linda. Obrigada por te teres atravessado no meu caminho com estes "Braços". Lembrei-me que em 1991, fui chamada à Direcção de programas por ter posto Nick Cave no ar num Domingo às 8.00 am...unbelievable...nessa altura pensei : esquece o ar. Mergulha no vinil. Um dia, contar-vos-ei.

Amargoso sangue


Photo by R. Bernardo 2006

Traçei um caminho distante. Demais. São pedras que piso na strada: o meu coração, gelo cúbico,que, de capítulo em capítulo, esmago. Escrevo-te, amargoso sangue. Coagula, abraça-me esse derradeiro capítulo. Coa a gula.

22h22

22h22 mns hora recorrente..inexplicavelmente recorrente.

Voice & Silence

E. E.Cummings' poems are filled with references to silence and voice. In is 5, section Four (1926), the poet, interestingly enough, gives an account of his poetic activity in these words:


some ask praise of their fellows
but i being otherwise
made compose curves
and yellows,angles or silences
to a less erring end)
myself is sculptor of
your body’s idiom:
the musician of your wrists;
the poet who is afraid
only to mistranslate

a rhythm in your hair,
(your fingertips
the way you move)

the painter of your voice—
beyond these elements

remarkably nothing is.…

(CP 292)

http://www.gvsu.edu/english/cummings/issue9/Alfand9.htm

Silence is experience.
Silence is a quality, or even more, emotion itself. It may either qualify a noun ("silent shoulders"), be a qualified substantive ("nervous and accurate silence" [CP 114]),or be presented as a quality in itself ("she smelled of silence" [CP 208]). Of course, silence is a quality the senses perceive even if we cannot properly name it. And indeed, the poet hardly ever uses the word "silence" alone. But silence is not completely unknown to us even though it remains almost unnamed. How would we be able otherwise to understand the phrase "she smelled of silence" without having at least once felt it? Unspeakable, silence is not imperceptible but can only be attained by indirect means. One of them is synesthesia. Silence is more than just an idea or a thing, it is a phenemenon, a form for emotion to occur. Being an abstraction, as is always the case with abstraction in Cummings’ poetry, does not prevent it from being [end page 37] essentially tactile. The abstraction of silence is more than perceptible —it is purely sensuous.

Silence

THERE are some qualities -- some incorporate things,
That have a double life, which thus is made
A type of that twin entity which springs
From matter and light, evinced in solid and shade.
There is a two-fold _Silence_ -- sea and shore --
Body and soul. One dwells in lonely places,
Newly with grass o'ergrown; some solemn graces,
Some human memories and tearful lore,
Render him terrorless: his name's "No More."
He is the corporate Silence: dread him not!
No power hath he of evil in himself;
But should some urgent fate (untimely lot!)
Bring thee to meet his shadow (nameless elf,
That haunteth the lone regions where hath trod
No foot of man,) commend thyself to God!

1840.

_________
-THE END-
Edgar Allan Poe's poem: Silence (from the collection of Poems of Manhood)

Crazed Fans


Tribute to Dimebag Darrell of PANTERA. Guitar painted by Diaz.

Dimebag Darrell (born Darrell Lance Abbott August 20, 1966 – December 8, 2004), also known as Diamond Darrell until mid 1992, was the lead guitarist for the heavy metal band(s) Pantera, Damageplan and Rebel Meets Rebel. He played right up until his murder on stage in 2004 by Nathan Gale.
The shootings had occurred on the 24th anniversary of the murder of John Lennon (who himself was murdered by a crazed fan), but there is no indication that this was a factor in Gale's actions.

domingo, janeiro 28, 2007

Over?

Over?! Impossível, pois nem nunca houve princípio. O princípio é termo utópico.

Heavy The Story Of Metal Welcome To My Nightmare Part 5

Heavy The Story Of Metal Welcome To My Nightmare Part 4

Heavy The Story Of Metal Welcome To My Nightmare Part 3

Heavy The Story Of Metal Welcome To My Nightmare Part 2

Heavy The Story Of Metal Welcome To My Nightmare Part 1

Fazes

http://fotografia.5.forumer.com/index.php?s=f08dd65db5a3a54c472dd7e106f9b8e6&showtopic=28798&st=0&#entry222691

Parabéns Carla. Pelos vistos, há mais quem te reconheça o mérito. Fazes-me feliz.

Portrait



Portrait by Paula Nunes of Sophia @Fnac Chiado 2007 Jan 23

Obrigada Paula. Pintar-me é descobrir uma parte de mim. É teres acesso a algo dificilmente acessível, embora aparenta o contrário.
Um Beijo nesse ser que te abraça.

sábado, janeiro 27, 2007



"Moon River"
Music by Henry Mancini, lyrics by Johnny Mercer

Perfomed by Audrey Hepburn

Moon River, wider than a mile,
I'm crossing you in style some day.
Oh, dream maker, you heart breaker,
wherever you're going I'm going your way.
Two drifters off to see the world.
There's such a lot of world to see.
We're after the same rainbow's end--
waiting 'round the bend,
my huckleberry friend,
Moon River and me.

© 1961 Paramount Music Corporation, ASCAP

This is a letter that Audrey Hepburn sent to Henry Mancini after his score was added to the film.
It reads:


Dear Henry,

I have just seen our picture - BREAKFAST AT TIFFANY'S - this time with your score. A movie without music is a little bit like an aeroplane without fuel. However beautifully the job is done, we are still on the ground and in a world of reality. Your music has lifted us all up and sent us soaring. Everything we cannot say with words or show with action you have expressed for us. You have done this with so much imagination, fun and beauty.

You are the hippest of cats - and the most sensitive of composers!

Thank you, dear Hank.

Lots of love, Audrey

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Semi cerrada

It's a boy!

Esperámos por ti 9 meses, talvez até mais, atendendo ao nosso escasso entendimento da vida.

Acordaste hoje pelas 06 da manhã. Avisaste-nos à 1 da manhã, e claro deitei-me e passei a noite a vista semi cerrada. Disse-te? Sonhei contigo: nasceste de cabelo comprido, belo, como se o vento te amasse.E hoje, dizem-me, pois ainda não te vi com estes olhos crús, que tens uma madeixa de cabelo branco:) Incrível, assim como a vida que te espera.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Génios entre amadores

A Foto está excelente. A Carla diz-se não profissional. Curioso, encontro sempre os maiores génios entre amadores.
Não param de me espantar...

P.S.: Desculpem o abuso dos três pontos em fim de frase, mas fico sempre com a sensação de que algo fica sempre por acrescentar. Nunca quero dar nada por terminado. É francamente patológico.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Fnac Chiado Terraxxxe



Cinemuerte By Carla Pires @ Fnac Chiado Portugal 2007 Jan 23



http://oninon.deviantart.com/gallery/

Enquanto o café dança


Enquanto o café dança,
Afogo-me na escuridão do teu sabor.
Faço de conta que a fumaraça,
Escorrendo-se pela face, abraça-nos
Para que não nos falte o teu calor.

Cinemuerte By Carla Pires @ Fnac Chiado Portugal 2007 Jan 23

terça-feira, janeiro 23, 2007

Ponto de exclamação

Rui Nogas..repito..parece que dá azar agradecer..pois obrigada!
Gata Chalupa: mas vives a Sul? Não fazia a mínima ideia!
A minha vida formata-se num gigante ponto de exclamação. Vejam: o meu corpo deambula pelo país em ponto de exclamação de pernas para o ar, para que a cabeça ela também se erga de pernas para o ar! Ponham o corpo no chão, coloquem o pontinho (vulga cabeça) no ar. Sou eu.

Quem terá sido o autor do ponto de exclamação? O ponto de exclamação é uma composição estranhamente ambígua ..curta e poderosa. O autor deveria pertencer ao painel dos nóbeis. No mínimo. A pontuação é das mais belas obras de arte. O ponto de posição exclamatório, uma arte sinalética dourada.

domingo, janeiro 21, 2007



Troquei a Pedra pelo Jack. Por hoje:)

quinta-feira, janeiro 18, 2007



Ok I Got It! Come back!

terça-feira, janeiro 16, 2007

State of mind



Anonymous

Cinemuerte Upcoming Shows

Cinemuerte - Upcoming Shows ( view all )

Jan 19 2007 9:30P Fnac Cascais Portugal
Jan 23 2007 6:30P Fnac Chiado Lisbon Portugal
Feb 2 2007 9:30P Fnac Colombo Lisbon Portugal
Feb 14 2007 9:30P Fnac Almada Portugal
Feb 17 2007 5:00P Fnac Albufeira Portugal
Feb 17 2007 9:30P Satori666 Loulé Portugal TBC

A estrada espera-nos como a boca de um lobo. Mas a boca de um lobo sabe-me sempre bem.

domingo, janeiro 14, 2007

Agita

Agito agita. Agita qualquer um, uma. Especialmente uma. Sentei-me e deslumbrei-me perante uns olhos azuis e um corte de cabelo, repousando num triangular olhar desperto sobre mim. Ela era um ele que era ela. Um triângulo das Bermudas. Uma Brian Molo(u)ka. Simpática n.q.b.. Excessivamente atenta ao ponto de me querer afundar no moscatel que estreava. Passeava-se valseando pela sala. Um misto de magret de canard e frango do campo. Assim...hum... um frangito do campo, em vinha d' alhos a aguardar o espetanço.
Terminava o primeiro capítulo da noite curiosa, graciosa, com o paladar de uma magia negra conquistado à garfada e arrematado à gargalhada.
Deitei-me esta noite ainda o moscatel ondulava em mim. Ondulava dentro de mim, deitada na cama que todos os dias me abraça, fiel ao enlaçe.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Paris(se)

A terra treme, como se parisse.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Alice In Chains - Down In A Hole

Bury me softly in this womb
I give this part of me for you
Sand rains down and here I sit
Holding rare flowers
In a tomb...in bloom

Down in a hole and I don't know if I can be saved
See my heart I decorate it like a grave
You don't understand who they
Thought I was supposed to be
Look at me now a man
Who won't let himself be

Down in a hole, feelin' so small
Down in a hole, losin' my soul
I'd like to fly,
But my wings have been so denied

Down in a hole and they've put all
The stones in their place
I've eaten the sun so my tongue
Has been burned of the taste
I have been guilty
Of kicking myself in the teeth
I will speak no more
of my feelings beneath

Down in a hole, feelin' so small
Down in a hole, losin' my soul
I'd like to fly but my
Wings have been so denied

Bury me softly in this womb
I want to be inside of you
I give this part of me for you
I want to be inside of you
Sand rains down and here I sit
Holding rare flowers (I want to be inside of you)
In a tomb...in bloom
I want to be inside...

Down in a hole, feelin' so small
Down in a hole, losin' my soul
Down in a hole, feelin' so small
Down in a hole, outta control
I'd like to fly but my
Wings have been so denied

terça-feira, janeiro 09, 2007



Estranho-te. Entranho-te para te buscar onde te perdeste.

http://esconderijo.deviantart.com/

O rh+

Quando chegámos ao fim da linha, foi a ouvir Probot.2004.Ponto
Há quem tenha um pacemaker no coração. Eu passei a ter um shaker no coração. Shaking my blood. O rh+

Hits for Tips



E prós bateras,aqui vai. E com esta, acabo a foo-fighterada:)(Por hoje).

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Resolve



Recorda-me o primeiro almoço do ano: sushi. Para o Dave, é mais uma questão de "Su, Sim"!

Hi there! I found out that many of you, come from very far, Mexico, Canada, even from New Zealand. It seems to me, that you came from the moon. For those who are reading at this moment those silly words of mine, you, my unique visitor, I do apologize for the portuguese writing. You see, this is me! I live in the most beautiful little and mystic european garden called Portugal, and it makes me keepin' some of the roots closer than I should:)

?

domingo, janeiro 07, 2007

Happy Birthday

Meia noite marca-te um capítulo. Vira a página. O meu espírito sopra-se nos teus dedos para que possas abrir o mundo sobre ti. Para que o teu coração se abra em ti. Espero que sintas o meu sopro no teu olho. O Olho que prende um mundo num momento claro, de beleza. Stuck in a moment. Julgavas que o SIM teria sido escrito a pensar nele. Wrong! Também se escrevem músicas a pensar nos Amigos.Parabéns Sal.

E como recordo os tempos "Lost Highway" em que me convenceste a ler a biografia de Manson de uma ponta à outra numa praia do Alvor (can't forget!), vamos lá entubar o Billy Corgan. Tenho de entubá-lo para contrabalançar os malefícios que me imputaste nesses dias quentes de verão. Levar com as loucuras do Manson...requer estofo e algum distanciamento para que a ficção não passe a acção. Sabes do que sou:)
Hoje, embora não o suporte, ele é uma parte de mim, assim como tudo o que esfreguei do chão. Somos esponjas. E como tal, façamos boa espuma.


Audioslave - Like a Stone (Acoustic)

Para a Carla,
Sempre foste louca por Chris Cornell. Aqui vai o timbre:

1755

Repouso no rochedo da capital. O rochedo que em 1755 reinou. Dizem que esta colina é pedra. Que nada nela abala. Mas nela, passam balas, balas que embalam o t(r)emor. Passo por elas. Três, quatro metralhadoras. Uma ao cimo da Rua, outra, ao virar da esquina. Bandeiras empunhadas em fachadas douradas, espreitam-me num passo a passo que cravo como fóssil. Flor de estufa? Ou carne estufada? Olho para dentro e vejo, o nada. Esquina acima, Champalimaud Palace, esquina abaixo, Lapa Palace. Coffee, you'll pay 4 euros and a beautiful view to...you!
E que estranho, a tantos outros passos, me encontro a divagar, a passos profundos, num cenário "devasta a dor".

Lapa, do latim, significa lápis-pedra.

Mid/night

Uma vista deslumbrante sobre o tejo, a sua ponte, um monte. Belém, mid/night. O monte da discórdia que abraça as manhãs de um nevoeiro. Uma neblina de pensamentos obscuros, de dúvidas que mais fazem pela perdição. Are U There?

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Golden. Golden hearts.



MOONSPELL's new album, "Memorial":

In Wikipedia
The Voyager Golden Record is a phonograph record included in the two Voyager spacecraft launched in 1977. It contains sounds and images selected to portray the diversity of life and culture on Earth. It is intended for any intelligent extraterrestrial life form, or far future humans, that may find it. The Voyager spacecraft will take about 40,000 years to come near another star, 'near' meaning in this case within around 1.7 light-years' distance; hence, if other beings do not come in the direction of the spacecraft to meet them, it will take at least that long for the Golden Record to be found.

As the probes are extremely small compared to the vastness of interstellar space, it is extraordinarily unlikely that they will ever be intercepted. If they are ever found by an alien species, it will be far in the future and the aliens may not even have technology able to play the record or the biology to see or feel the images, and thus the record is best seen as a symbolic statement rather than a serious attempt to communicate with aliens.

Large Rock Band

An inside view of doing a world tour with a large rock band....
Touring with the Red Hot Chili Peppers

O João(CM) é quem me arranjou este link...bruta vida, a minha!

http://www.ratsound.com/cblog/

[f.e.v.e.r.] - Bipolar [-]

New video from [F.E.V.E.R.]



Babel, um filme profundo metafórico...quando a infelicidade deriva muito em parte da estupidez.

Este Brad pitta-me toda!

Nota de fim de parágrafo: este filme não é um filme bradpittiano. Se querem passar uma tarde descontraída, escolham outro filme. Este filme é mesmo pesado. Mas é genial.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Stendhal XIX



A minha primeira escola. Um asilo do Século XIX. École Stendhal.
Foi nesta escola que recitei, aos 4 anos, o meu primeiro poema. Julgo que foi a minha primeira pose de artista! Estava moderadamente nervosa, mas não muito. E adorava o poema. Adorava tanto o poema, que fiz de tudo para não desapontá-lo. Para não trair a beleza que o poeta pintara.

Não me recordo do poema...claro. Passaram 3 décadas. Deixo-vos com Jacques Prévert.

By Jacques Prévert
Paris at Night
Trois allumettes une à une allumées dans la nuit
La premiére pour voir ton visage tout entier
La seconde pour voir tes yeux
La dernière pour voir ta bouche
Et l'obscuritè tout entière pour me rappeler tout cela
En te serrant dans mes bras.

Paris at Night
Three matches one by one struck in the night
The first to see your face in it's entirety
The second to see your eyes
The last to see your mouth
And the darkness all around to remind me of all these
As I hold you in my arms.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Cá dentro

Ela dizia que mais valia terem-lhe cortado as mãos com um machado. Recordo-me da pedrada (de pedra atirada), recordo-me de estar escondida por trás da sanita, tentando abafar o tremor, o temor.
Recordo as vezes que circulávamos de carro no banco traseiro ajoelhados no chão, o terror psicológico. Miúdos: 7 anos. Lucky number? Recordo as saídas, as esperas,os regressos às espreitas. As ambulâncias, as injecções. Os bombeiros, os 115. As injecções e as idas, os regressos, as persianas apagadas, a luz adormecida. O silêncio de ouvido encostado na madeira ressequida das duas portas. A esquerda e a direita de um terceiro e último andar da baixa de Lisboa. Os silêncios de hora. Os telefonemas sem linha, as campaínhas. Os toques variados das campaínhas, conforme os dias. O Natal dos reféns. Os cinemas prolongados para voltarmos a horas de mocho, na calada da noite. Recordo a palavra dupla. Os braços secos. A face seca. A pose de um cavalo de combate. Os pós espalhados nas nossas meias. Sim: as bruxas que lhe espalhavam a pensão em feitiços, sonhos de malvadez. E aquele silêncio de novo a bater-me cá dentro como um monstro, um monstro gordo, bulímico: a comer-me aos poucos e a vomitar-me lentamente. Cá dentro.
Os escândalos que hoje muito se assemelham aos concertos. Soam-me ao mesmo: os olhos postos sobre uma meia dúzia de indivíduos, os gritos, o palpitar do teu coração porque existo. Porque vivo. Porque sofro e já não te sentes só.
Os anos passam. A vida não.
O machado, e puta são as palavras mais recorrentes da memória. O La, a nota dominante. A tesoura, o acessório de praxe.
O coração apertado, o coração apertado. Acho que nunca vivi de outra forma. E quando me pedem para relaxar, pedem-me o impossível. Tenho o coração esticado para dentro, para um buraco negro no universo do meu ser. Quem me conhece, sabe bem que o único som que me apaga e me pode esquecer é o som de um instrumento.

It has been an unexpected life, indeed!

Não vos deixo esta noite sem rematar: foram os momentos mais negros que me fizeram. As alegrias são o fast-food da vida. As dificuldades, a escola, a fonte da Sabedoria. Sophia

http://www.thinkbabynames.com/meaning/0/Sophia

segunda-feira, janeiro 01, 2007