terça-feira, novembro 07, 2006

RIP Idalina Gomes

Esta noite, com a alma em chamas, chamo por ti na esperança, que no desejo, te ressuscite. O olhar embebido por um sentimento pouco familiar. O teu caminho esse sim , familiar. Em 1998, o meu irmão, teu colega de missão partiu, como tu, à conquista de um sonho: a partilha. A partilha do amor, do saber. Rumo a Moçambique, Cuamba, deixou-se para trás, levando apenas na bagagem, o seu coração. Nós, nós ficámos. Ficámos a ver, durante dois penosos anos, envergonhando-nos das nossas pedras mecânicas ao rubro num corpo de cimento que nos enterra os pés bem no fundo da terra. Sem sonhos de partilha. Mas com o olhar posto no céu. Esta noite, a minha pedra mecânica roça-se por dentro contra as paredes da minha carne. E penso, penso no que estarão a sentir...todos: os que te mataram...se esta noite, o encosto das suas cabeças lhes pesa mais? Se o pescoço que sustenta a memória, roçará irritantemente sobre a fronha? A fronha da memória? E...os que te amam...é por eles que nesta noite vou pedir ao Céu. Vou pedir-Lhe que te abraçe pois és uma nuvem de vida. Que te abraçe, para que não te escapes da nossa memória, para que fiques pintada eternamente, como efígie do Amor que nos pode unir, a todos. RIP Idalina Gomes.

2 comentários:

Sophia Cinemuerte disse...

Gosto muito destes versos da tua autoria. Fazem mesmo amor com terra e dinheiro...ou seja com poder.
Vai mandando mais, que gosto de te ler.

Anónimo disse...

era realmente uma boa pessoa...nao merecia deixar-nos tao cedo!nao é justo!!!!quem tao bem fez,sempre,ao proximo...e agora? :(