Aproveito a hora de almoço para escrever, a ver se alimento. Confesso que este blog é um caos, assim ao estilo da vida. Tem um pouco de tudo, assim como eu: doses de transparência, loucura, mistério, raiva, amor (muito amor), doses de incoerência.
Ouvi dizer...que os efeitos da crítica são algo perigosos. Quando alguém critica, esse alguém, dos 100 % de matéria em observação, apenas foca-se na diminuta percentagem de matéria "chumbada" levando a crer que essa fasquia é o todo.
Os telefones tocam...
Respondo. Ninguém fala...fala sim...fala silêncio. Fá-lo silêncio. Cala a alma para que ninguém a descubra.
Mme Olafá...esse mistério. O Tiago está a pensar mandar imprimir a inscrição "Mme Olafá" na sua t-shirt. Ela é um mito...na nossa sala de ensaios....telefona, para todos os números: fixos móveis, skype, Voipbuster...enfim gera-se uma panóplia de sons. Acabamos por beneficiar de um sampler totalmente grátis às horas de ensaio. E não só.
Contar-vos mais acerca de mim: Vivi na mítica Rua da Fé de 1981 a 1991. 10 anos a conviver com um inolvidável espírito bairrista, com a mais depravada prostituição da Capital. Recordo-me tão bem: aos 8 anos de idade, a caminho do Liceu ...a cada passo, correspondia um espécimen. Umas bocas dirigidas à minha virgindade. Lá estavam elas: à espera, à espera. Regressava a casa, e continuavam. Mais umas bocas, e a eterna espera. Penso que naquela altura não se facturava tão bem. Porque me recordo, passavam mais horas a olhar do que a exercitar a sua actividade, embora acredite que parte do pleno exercício destas senhoras era de facto ornamentar as portadas. É claro, que chego a esta idade, e sinto que sou em parte a Rua da Fé: as putas (desculpem o termo, mas o impacto tem de ser gerado...), o António da Mercearia, o José Antiquário ( que acabou por nos comprar uma parte significativa do recheio da casa), a D. Aurélia ( que nos limpava o esqº e dtº.), o António Variações (que era o barbeiro da zona- sim! o famoso António Variações- A canção do engate), o cinema S. Jorge, o Condes e o Tivoli (saíamos de casa sempre, mas sempre, a 1 minuto do começo da projecção do filme). Foi nesses cinemas, que a minha mãe, o meu irmão e eu descobrimos que o mundo é um sonho.
quarta-feira, novembro 08, 2006
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2 comentários:
Muito bonito este post!
E agora regressas à rua da Fé, "outros tempos, outras vontades" já dizia o outro, outras razões, digo eu.
Benvinda!
Curiosamente...bom filho regressa sempre a casa...nem que seja ao fim de semana.
Beijinhos
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