segunda-feira, novembro 20, 2006

Espetar-me

O cabelo cresce. Cresce à medida do peso das preocupações. Anyway. Fujo para Moçambique em última instância. Ajudar quem precisa. Talvez lá chegue e repare que quem mais precisa sou eu! Ironia do destino, seria a máxima (sentença) a aplicar.
O cabelo cresce: as pontas têm de ser cortadas, talvez recortadas. Fazer-me desenho.
Hey fazer-me desenho, pintar-me em jeito de sol! Adorava espetar-me entre as nuvens e olhar-vos discretamente. Olhar as planícies, montes e superfícies côncavas, que vos embalam, dia após dia, noite após noite: assim como uma mãe para um filho, olhar-vos dormintando, alertas ao mais ínfimo tremor, à mais sentida batida de coração, pulsar, respiração.
Talvez já lá esteja: pintada disfarçadamente no espelho do vosso coração.

To Daniel C. Muller: às vezes penso o quanto nos odiávamos. Ódio de adolescentes...amor, ódio? Recordo -me de ti ao pé de mim. Sempre sentados lado a lado, confundindo-nos com a mesa de carvalho endurecida pelos anos passados, escravizada pela tinta, pela pressão das nossas mãos ao encontro de ...não sei. E recordo-me numa aula. Atirei-te ao chão, e nunca mais te esquecerei, deitado no chão. O espanto...de ambos, é algo que me é difícil e inútil esquecer.

Biomedical illustration By Daniel C. Muller

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