sábado, agosto 25, 2007

Predadores de Almas - Materna Parte 2

Somos dois. Um decidiu-se e foi. Gavião.
Quebraram-se hoje 18 anos de silêncio. Calámos o destino há 19 anos. Hoje, cozeu-se-lhe na boca : "paguei 100 escudos em 1971 para que nascesses perfeito". Disse-lhe que mais tarde, perante a minha indignação, de não ter feito o mesmo por mim, foi pagar outra promessa, a pensar em mim. O que terá sido? É legítimo acreditar nestes créditodébitos? Custa-me pensar que ela existe. Morreu-se há 19 anos. Aquela voz irada que nunca se despegou da minha memória. A memória mata-nos o entendimento. Estranho, é regressar nesta tarde chuvosa à rua que me embalou o espírito na década de 80. Que me expremeu o coração em sangue. Uma década perpetuou a Rua da Fé. Estranho é virar-me para o Sr. Zé da C. A. e dizer-lhe que ali, um pouco mais acima, vivera.."sim, nesse prédio cor-se-rosa, pombalino". Ele, exclamando..."ah o maldito! O do portão maldito." Passam-se 19 anos sobre o adeus à Fé, e há coisas que nunca mudam...
Foi naquele andar de terceiro esquerdo e direito, ao número 10, de 14 assoalhadas onde vivia (nem sei se vivi), que a música lembrou-se de mim. Notou que vivia ali uma míuda . Essa malvada! Penso que a música matava-me o medo. O prédio de facto datava do pós-terramoto e tinha sido recuperado sem que a traça pombalina se desvanecesse. Vivi ali horrores. A psicose apurada sentada de frente para o portão. Custa-me pensar que nunca vou esquecer. O aperto que se sente quando se vive perseguida. Não é justo aqui expor mais detalhes. Vivi um período negro de 1980 a 1989 (fiz as contas agora mesmo). Foram 9 anos que me pareceram o dobro. À M. A., foi diagnosticada sociopatia (distúrbio da personalidade anti-social ou "predadores de almas"- "A grande maioria das pessoas, em contacto com o sociopata, é incapaz de imaginar o seu lado "negro", que alguns conseguem esconder com sucesso a maior parte da vida, através de uma vida dupla." ). Dificilmente, conseguimos interná-la. O máximo, uma semana e porque a instituição "Júlio de Matos" não a queria. Diziam que pela Loucura, ficaria, mas que pela Maldade, o Hospital recusava-se a fazer-lhe a cama. Quanto aos porquês da patologia na família, é difícil explicar. São muitas as histórias que se contam na família. Uma delas - julgo que já a contei há cerca de um ano - que teria visto um homem enforcar-se, algures num descampado e que o espírito do enforcado...bah! Estou a assustar-vos...esqueçam. Imaginem. Curiosidade: naquele hospital, a família Matos (também sou Matos) tem cartão de cliente e acumula pontos de fidelidade:)Há várias gerações. Posto isto, já sabem um pouco mais acerca de mim. Basicamente,estou a tentar dizer-vos o que sou. Não é que isso vá alterar algo, ou talvez vá:)

Se a temática vos seduz, ora descubram este novo mundo, que para mim soa a Velho Mundo. A mim, a cada dia que passa, sabe-me muito melhor viver longe das pedras e das tesouras. A isso chamo de "Teoria da Relatividade". A isso, chamo de "Teoria da Felicidade".

http://www.cerebromente.org.br/n12/doencas/sociopatia.htm

http://www.geocities.com/medicinahumana/mental/personal.htm

Virão mais partes da Materna. São infindáveis.

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