quinta-feira, agosto 30, 2007

À espera

Hoje, conheci um anjo chamado Miguel. Mais um. Tem 6 anos. É lindo. Veio com a mãe que faz as limpezas do recinto. A mãe: notei-lhe uma certa deficiência do foro psíquico. É muito boa pessoa, e daí, imagino o que ela já deve ter sofrido nesta vida, e o que a espera ainda. Desse "atraso", que me custa tanto rotular, só poderia nascer esta criança que perante a situação da mãe, provida de uma beleza interior que não esquecerei. esta criança que me fala com um savoir-faire incaracterístico para a idade. Chama-me: "Sofia! Sabes o que eu vou desenhar? Vou desenhar o homem a andar no planeta azul." Pergunto-lhe se o planeta é o nosso. Responde-me que não. Que o nosso é o planeta verde e azul. Diz-me claramente: "O planeta azul é onde moram os estra-terrestres." Falámos da música e claro, pediu-me que lhe cantasse. Cantei e desdobrei-me para o fazer feliz nesta curta meia-hora de lanche entre papéis e papéis que ardem sem se ver. Fiz questão de lhe dizer onde cantava. No piso de baixo, disse-lhe. Ficou-se feliz assim como se participasse num conto. Imaginando aquela espaço secreto, de porta fechada. Estalei-lhe o verniz do olho. Despedi-me. Disse-lhe que ia trabalhar. Pôs a máscara, e delicadamente como um príncipe, desceu as escadas, talvez ao encontro da sala secreta.
Arde sem se ver a minha estrondosa adoração por estas crianças que nascem à espera. À espera de um caminho.

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