quarta-feira, novembro 29, 2006

O céu

Longe, hei-de ir para muito longe. Algures onde voam crianças, de tranças brancas como a neve. As faces rosadas, pintadas por mim para as fazer sonhar, um pouco mais. Uma piscina cheia de alfaces para que nela possam saltar e eu também. Flores com sabor a chocolate pingando caramelo. Aves de bico em lápis para que, no céu, pintem de cores frescas e cintilantes.

Observo-me: tenho uma estranha fixação no céu. E trabalho para lá chegarmos. Weirdow...

terça-feira, novembro 28, 2006

Non Troppo

A presente recordação é Ficção.

É dia de segredos.

A entrada fazia-se pela 1 da manhã na Rua dos Caetanos ao Bairro Alto. E mais não digo...para não comprometer. Shhhh! (Baixinho).

Recordo as noites no Conservatório: as sombras que ousavam valsejar-nos. Deslizavam enlouquecidamente nas paredes de corredores sombrios, gelados, à semelhança de uma valsa entre desconhecidos. Tectos altíssimos de perder a vista, subscrevendo a nossa visão, na mudez. O busto de Beethoven segredava as notas certas.

Recostava-me sobre o palco sentindo o suspiro inebriando-me a pele, envoltura do espírito. O mítico Fantasma do Conservatório pregava-nos as melhores partidas do Salão Nobre. Seguia-se a sala dos defuntos (sala de pianos estéreis, sobre os quais adorava deleitar-me, acreditando que era possível amá-los). E pisar o sólido chão de pedra do pátio, sob o qual jaziam as sepulturas de um antigo convento que ali houvera em tempos? (O crânio de uma freira permanecia allegra ma non troppo sobre a prateleira de quarto de M).

Serões fascinantes, pelo perigo, pelo terror gerado de uma lasca de madeira quebrada. De uma singela pedra milimetricamente deslocada. Pensávamos no contraste, conscientes que a poucas portas, reinava outro mundo. Um sinal de aviso.

Pedia a M. para me levar "lá": a sala de ballet. Linda. Os espelhos dominavam a sala. Dominavam-me, controlavam cada gesto descontextualizado. Indicavam-me o caminho para "lá" chegar.

V era um homem de paixão: raro. Tinha o poder de conhecer todos os cantos da casa e acabava por voltar de braços dados com todo o equipamento passível de embelezar a Criação. O Alesis ter-se-ia mais tarde instalado na zona de captação que criámos na sala de "Cinema" para gravar a "Lua Azul". (Nota : o Conservatório agrupava então as Escolas Superiores de Dança, Cinema. Música e Teatro ).


P era a pedra mais distinta: de guitarra ao peito, sentava-se na escada e tocava para Ele. Tocava-lhe delicadamente as notas certas: notas dissonantes que permitiam que um elo de ligação se estabelecesse entre dois seres estranhos.


Por volta de 1997, o nosso reinado estava condenado: partilhávamos discretamente o "Castelo da Noite", o Hotel das Artes com guardas ao serviço do Estado.

Quando a noite se fez luz, aos passos de J, recordo-me de ti. Atiraste-te grotescamente contra mim, desmascarando cada ruga do meu rosto, de holofote traquinamente amarelado. Fugimos para nunca mais voltar.

Penso que na vida, esta história repete-se. Tenho a certeza que todos vós terão passado pelo "Castelo da Noite". Um lugar, uma época permitida que só a nós pertence, por fugazes momentos: que tem o seu triste fim, para mais tarde recordar, allegros ma non troppo.






segunda-feira, novembro 27, 2006

Song for You

I was walking in the park
Dreaming of a spark
When I heard the sprinklers whisper
Shimmer in the haze of summer lawns.
Then I heard the children singing
They were running through the rainbows.
They were singing a song for you
Well it seemed to be a song for you
The one I wanted to write for you

Blackest eyes

Penso que tinha os olhos negros. Assemelhavam-se à escuridão do seu ser. Os braços secos. Os olhos achinesados. Um olhar ríspido. Deitava-nos sobre a cama. Cobria-nos com mantas pesadas, tão pesadas quanto a demência que a possuíra há muitos anos. Vinha a corda. Uma corda grossa, usada para dominar um animal que se odeia. Atava-nos. Bem. Muito bem. Várias voltas. Penso que eram 3 as voltas que a corda dava, roçando-se nos corpos para que nada escapasse. Nem a dúvida. Dizem os "antigos" que aos dezanove anos vira, num campo, um homem enforcar-se. Ao vê-lo, firme, o demónio do suicida teria transitado para o seu corpo.
Não a vejo há 20 anos. Revejo-a todos os dias. Numa colher que avisto ao abrir a gaveta. Numa pedra atirada ao ar. Numa simples sopa. Numa meia. Num grito aguçado. Ela é o meu fantasma. Para sempre.

domingo, novembro 26, 2006

Obrigada



To Inês:

Agora quem assina um "Picture comment", sou eu.

Colocares-me neste painel, toca-me profundamente. São raras as pessoas que chegam a alcançar-me...esta noite alcançaste-me. É um marco. Um desafio à minha pessoa. Identifico-me muito com algumas destas...não diria pessoas...somos muito mais do que isso. Somos pó mágico que voa ao encontro de Deus. Passamos pelas pessoas. Somos adoradas, amachucadas, odiadas, amadas.. E nele, no pó mágico, revejo-te. Obrigada. Dizem que dá azar agradecer. Pois bem: obrigada. Porque mereces e muito mais. Podia passar a vida a a dizer-te obrigada. Obrigada, Obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obriga, vou dizê-lo até cansar-me, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada,obrigada, obrigada, obrigada, obrigada,obrigada, obrigada, obrigada, obrigada,obrigada,obrigada,obrigada,obrigada,obrigada,obrigada, inês,obririgada,obrigada,obrigada,obrigadamobrigada,obrigada,obriga

"The pen must have slipped to the side"

Carisma

Sábado...
Hum uma ida ao aeroporto um pouco atribulada. Tivemos para variar ( isto é verdade!) de entrar em contacto com a torre de controlo para pedir autorização ao comandante para que a reabertura do embarque fosse autorizada...e mais uma mala abandonada no aeroporto...por falta de tempo para o check in!
Esta história repete-se há anos! Não percebo este stress e este carisma...

sexta-feira, novembro 24, 2006

Velveteen


Quando oiço "Baby I don' t care" penso no número de takes da pobre Wendy James para acertar no "Waoooooooooo" a abrir o tema.

Se repararem bem, tem aquele... timbre semi afónico.
Ultimamente roda e roda vezes sem conta no meu leitor o Velveteen.
Obrigada pelos últimos comments. Cheguei a pensar que talvez me tivesse despido sem me ter dado conta de tal....É frequente duvidar de mim ...e geralmente não confio em mim:)
Mas tentem perceber...eu sei que é difícil. Podem confiar em mim. Eu é que não posso confiar em mim. Mas isso já é algo entre mim e Mim.





quarta-feira, novembro 22, 2006

A língua

Ok amigos, aqui vai a melhor da semana ( tenho de partilhar isto!): parece que me viram cantar na televisão...nua...
What the f***?!
And what else?
Mas o melhor é que isto foi contado à minha mãe por uma senhora "idosa" (fresca, com certeza...). Ou seja, esta senhora vê programas de televisão nos quais as pessoas cantam, assim como vieram ao mundo....Agora, pergunto: digam-me lá que programas são esses, que não tendo tv cabo, de certo, estou a perder programas muito ... sui generis...
Ok...desde que ande aí pelas bocas venenosas do país, é uma honra:)Façam-me o favor de continuar a pedalar com a língua.

terça-feira, novembro 21, 2006

Bah:)

Bah..hoje não há poesia. apenas descanso merecido. Bem merecido.

Bandas que odeio:
Odeio Beatles (dá me sempre a sensação de estar a ouvir um bando de meninos colegiais)
Oasis (aquela voz parece um giz mal afiado esmagando-se insistentemente num quadro de escola).
A música clássica geralmente dá-me dor de cabeça, à primeira.

Estou a a ouvir uma versão de Manic Str Preachers de "Suicide is painless", muito bem conseguida retirada de uma banda sonora (ANATOMIE 2-Esta é a versão para MASH...que eu desconhecia), daí ser fanática por bandas sonoras, porque é nelas que acabo por descobrir sempre algo de extremamente compensador: uma nova banda, uma nova versão, uma remistura. Geralmente, o vício custa-me caro. Dos 20 euros que gastei, retiro apenas uma faixa. Sim 20, no mínimo, e porque as bandas sonoras são na sua maioria importadas.

Nestes anos, apercebi-me que as melhoras bandas sonoras, são as de filmes de terror. Têm geralmente versões com participações especiais, e bandas que estão para "rebentar" no curto prazo. Depois seguem-se os filmes alternativos...o underground cinema...e com ele abandonamos a música de peso para seguir ao encontro daquela que muitos consideram a alternativa.
A alternativa...! É tudo tão relativo:)
Ah by the way, não tenho TV cabo. Estou completamente a leste do mundo. (Os meus amigos costumam dar-me os parabéns- é pq não perco muito). Portanto, é excusado virem-me contar ou perguntarem-me acerca disto ou daquilo, porque se vi, foi em sonhos:)


Encontro valor em todas as bandas que citei e afirmei odiar.
Odiar não implica desvalorizar. Bem pelo contrário.

Bed time.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Espetar-me

O cabelo cresce. Cresce à medida do peso das preocupações. Anyway. Fujo para Moçambique em última instância. Ajudar quem precisa. Talvez lá chegue e repare que quem mais precisa sou eu! Ironia do destino, seria a máxima (sentença) a aplicar.
O cabelo cresce: as pontas têm de ser cortadas, talvez recortadas. Fazer-me desenho.
Hey fazer-me desenho, pintar-me em jeito de sol! Adorava espetar-me entre as nuvens e olhar-vos discretamente. Olhar as planícies, montes e superfícies côncavas, que vos embalam, dia após dia, noite após noite: assim como uma mãe para um filho, olhar-vos dormintando, alertas ao mais ínfimo tremor, à mais sentida batida de coração, pulsar, respiração.
Talvez já lá esteja: pintada disfarçadamente no espelho do vosso coração.

To Daniel C. Muller: às vezes penso o quanto nos odiávamos. Ódio de adolescentes...amor, ódio? Recordo -me de ti ao pé de mim. Sempre sentados lado a lado, confundindo-nos com a mesa de carvalho endurecida pelos anos passados, escravizada pela tinta, pela pressão das nossas mãos ao encontro de ...não sei. E recordo-me numa aula. Atirei-te ao chão, e nunca mais te esquecerei, deitado no chão. O espanto...de ambos, é algo que me é difícil e inútil esquecer.

Biomedical illustration By Daniel C. Muller

domingo, novembro 19, 2006

No quarto

Há umas semanas, passei a tarde num lar de idosos, de visita a um familiar afastado. Confesso, estive quase para cancelar. Felizmente que não o fiz...
Um lar de idosos, é ...sem palavras. Só rosto. Basicamente, o que se leva no coração, é o retrato do rosto desgasto, algures perdido no tempo e no espaço, num fundo esbranquiçado também ele perdido no tempo e no espaço, desgasto. O branco da memória.
Estou praticamente a fazer anos...e esta visita fez-me pensar...relativizar. Tenho aprendido e evoluído muito com o passar dos anos, e espero manter ou acrescer essa cadência de conhecimento. Contudo a minha máxima mantém-se e tem sido o sustento dos ciclos da minha existência: relativizar. O segredo da vida é: relativizar.
Só não aprendi nem quero aprender a relativizar quando passas por mim no quarto. De olhos fechados, derreto ao som do passo. Do contrapasso. Shame on me. So silly.

Wrong

What is wrong & What is right?
Tell me.

Thought of the day...Nutella and ____________(please write your name)

sábado, novembro 18, 2006

WATCH ME

"YOU WATCH ME PLAYING GUITAR, AND YOU SEE WHAT MY FINGERS CAN DO... AND YOU WISH YOU WERE THE ONE...I WAS DOING IT TO"

listening to

Dancing with the Dead - PAIN

sexta-feira, novembro 17, 2006

The Virus - By More Than A Thousand



No impasse desta noite, repousas. Perto de mim, perto de um sim, ma non troppo.


Tenho a cabeça feita em cimento. O Coração de seda, não chega para mudar o mundo. Queria que a terra rodasse ao contrário. Para te encontrar.


http://www.myspace.com/pixelate

terça-feira, novembro 14, 2006

Sweet Home Alabama

Sweet Home Alabama.. du dud dud du du....na na nana

Não sei se é a guitarra, se é do groove...transcende-me!
E acabo por gostar de todas as versões. Todas elas...

http://www.youtube.com/watch?v=huLklsj_5HI&mode=related&search=


"Sweet Home Alabama" is a song by Southern rock band Lynyrd Skynyrd that first appeared in 1974 on their second album, Second Helping.
"Sweet Home Alabama" was written partly as an answer to the songs "Southern Man" and "Alabama" by Neil Young, which were critical of the South. "We thought Neil was shooting all the ducks in order to kill one or two," said Ronnie Van Zant at the time. (Dupree 1974) Van Zant's musical response, however, was equally thought-provoking, as it includes ambiguous references to governor George Wallace and the Watergate scandal, which have generated discussion over the years. Despite (or perhaps aided by) the debate over the song, it has become one of the most popular Southern rock songs in rock music history. It reached the top ten of the US charts in 1974 and was the band's first hit single. [1]
None of the three writers of the song were originally from Alabama. Ronnie Van Zant and Gary Rossington were both born in Jacksonville, Florida. King, a former member of the Strawberry Alarm Clock, was from Glendale, California.

A Migalha

Yes..a ouvir Misfits ....estou deslumbrada com o mundo que nos rodeia..com o mundo que abraça esta migalha: Portugal.
Hey não fiquem escandalizados. Somos nobres, mas somos uma migalha. A migalha também se poupa...de horrores. Vejam o lado positivo. Um caçador mata um coelho. Não mata a borboleta.
A borboleta é apenas perseguida pelos coleccionadores. E aí...diria que a morte compensa. Ficarmos embebidos numa qualquer substância, para a eternidade ..iui....um tremor no cérebro cerrou-me os olhos...
São 1 e 10...Podiam ser 1 e 15. Tanto faz. Oiço o Underwater e não me reconheço....aquela..não sou eu. É a outra. Era eu...mas ela está substancialmente embebida numa qualquer substância. Hey you won't get out, no matter what you try...no way!
Contudo penso que ela existe por aí...repete-se no olhar de uma mulher, de um homem, de uma criança, de um cão, gato, planta....sim as plantas têm o seu olhar...tenho aprendido isso, faz algum tempo.
Ordem do dia: Dormir! Olhar e dormir:)

PS: sou daquelas que comem as migalhas, enquanto o pão repousa na mesa.

domingo, novembro 12, 2006

Extintas



A "minha" cadela em 1978. Tenho imensas saudades, do tempo que passámos juntas. Ela era meia raposa. Era da minha avó, de quem tenho imensas saudades.

Saudade: lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar a ver ou a possuir.

Vicious One

A teoria da Sobrevivência, é disso que falarei num futuro próximo. A Luta pela sobrevivência é algo que contraditoriamente nos aniquila. Tento lutar para viver, mas acabo por lutar para sobre viver...Viver para além de água e pão. Quem luta por mais do que água e pão, está a cavar lentamente a sua sepultura. A sepultura de um espírito livre e feliz.

Ok lembrei-me e penso que não partilhei o concerto de Muse...Sou suspeita..adoro-os. Adorei o concerto. O recinto do Campo Pequeno, não me seduz, pelas difíceis acessibilidades...credo! Isto não vos interessa para nada. Enfim, o concerto de Muse foi lindo. Nessa noite, fui sozinha. Está tudo falido. Eu tb, mas estou falida moderadamente...Ainda dá para gerir a falência...:) e alimentar o vício. O vício...pois...não há falência que ampute um vício. Salvaguardando o anonimato, sei o que é o vício. Beijei o vício. Tenho o hálito impregnado na minha memória. É injusto não nos conseguirmos livrar dele. Amei-o sinceramente, até perceber que o vício não me amava. Ama-se a si próprio. Ainda ontem, encontrei-me a beber café . O vício tinha os olhos postos em mim, num corpo dominante. O olhar em chamas sobre o meu corpo frágil, sobre um corpo puro que sustenta o peso da consciência. Deixei a bica a meio e fugi...

Narc

Ontem de noite, fui assistir a um concerto de um amigo no Santiago, e curiosamente após o mesmo, ouvia esta faixa dos Interpol, uma das minhas preferidas.
Narc.
Narca isto:

http://www.youtube.com/watch?v=rxrBE8X1PMI&mode=related&search=

She found a lonely sound
She keeps on waiting for time out there
Oh love, can you love me babe?
Love, is this loving babe?
Is time turning around?
Feast your eyes, I'm the only one
Control me, console me
Cause that's just how it should be done
Oh, all your history's like fire from a busted gun
Show some love and respect
Don't wanna get a life of regret
But baby you can see that the gazing eye won't lie
Don't give up your lover tonight
She found a lonely sound
She keeps on waiting for time out there
Oh love, can you love me babe
Love, is this loving babe
Is time turning around
He slips into the bedroom
And you know he misses alright
Old names, we'll make sweet
Will sustain us through the night
Inside my bedroom baby
Touch me, oh tonight
Poses we'll make soon
Will reveal our sense of right
You should be in my space
You should be in my life
You should be in my space
You should be in my life
You could be in my space

Call Me

http://www.youtube.com/watch?v=UArJpA9wm-w

sexta-feira, novembro 10, 2006

Leonardo's Bride

I love this song...achei-a numa banda sonora...mais uma...Brokedown Palace

Don't be confused by my apparent lack of ceremony,
My mind is clear.
I may be low or miles high off in the distance,
I want you near.
I love you, even when I'm sleeping.
When I close my eyes, you're everywhere.
And if they take me flying on the magic carpet, see me wave.
If our communication fails I'll re-connect it, I want to rave
I love you, even when I'm sleeping
When I close my eyes, you're everywhere
No matter where the road is leading us remember,don't be afraid.
We have a continent that sometimes comes between us, but that's ok.
I love you, even when I'm sleeping.
When I close my eyes, you're everywhere.
When I close my eyes, you're everywhere.
Don't be afraid, don't be afraid.

Leonardo's Bride

quarta-feira, novembro 08, 2006

O mundo é um sonho

Aproveito a hora de almoço para escrever, a ver se alimento. Confesso que este blog é um caos, assim ao estilo da vida. Tem um pouco de tudo, assim como eu: doses de transparência, loucura, mistério, raiva, amor (muito amor), doses de incoerência.
Ouvi dizer...que os efeitos da crítica são algo perigosos. Quando alguém critica, esse alguém, dos 100 % de matéria em observação, apenas foca-se na diminuta percentagem de matéria "chumbada" levando a crer que essa fasquia é o todo.
Os telefones tocam...
Respondo. Ninguém fala...fala sim...fala silêncio. Fá-lo silêncio. Cala a alma para que ninguém a descubra.
Mme Olafá...esse mistério. O Tiago está a pensar mandar imprimir a inscrição "Mme Olafá" na sua t-shirt. Ela é um mito...na nossa sala de ensaios....telefona, para todos os números: fixos móveis, skype, Voipbuster...enfim gera-se uma panóplia de sons. Acabamos por beneficiar de um sampler totalmente grátis às horas de ensaio. E não só.
Contar-vos mais acerca de mim: Vivi na mítica Rua da Fé de 1981 a 1991. 10 anos a conviver com um inolvidável espírito bairrista, com a mais depravada prostituição da Capital. Recordo-me tão bem: aos 8 anos de idade, a caminho do Liceu ...a cada passo, correspondia um espécimen. Umas bocas dirigidas à minha virgindade. Lá estavam elas: à espera, à espera. Regressava a casa, e continuavam. Mais umas bocas, e a eterna espera. Penso que naquela altura não se facturava tão bem. Porque me recordo, passavam mais horas a olhar do que a exercitar a sua actividade, embora acredite que parte do pleno exercício destas senhoras era de facto ornamentar as portadas. É claro, que chego a esta idade, e sinto que sou em parte a Rua da Fé: as putas (desculpem o termo, mas o impacto tem de ser gerado...), o António da Mercearia, o José Antiquário ( que acabou por nos comprar uma parte significativa do recheio da casa), a D. Aurélia ( que nos limpava o esqº e dtº.), o António Variações (que era o barbeiro da zona- sim! o famoso António Variações- A canção do engate), o cinema S. Jorge, o Condes e o Tivoli (saíamos de casa sempre, mas sempre, a 1 minuto do começo da projecção do filme). Foi nesses cinemas, que a minha mãe, o meu irmão e eu descobrimos que o mundo é um sonho.

terça-feira, novembro 07, 2006

Novo dia

Afinal....o meu carro está de volta...nao tarda a chegar dentro de minutos. Como tal vou aproveitar para escrever...
Escrever que fiquei muito feliz com o prémio MTV atribuído aos Moonspell. Acho que o prémio é merecido exponencialmente. E aqui, nao me vou alongar mais, porque claro, sei que sou suspeita nesta matéria.
Estou igualmente feliz porque amanhã é um novo dia.Estou igualmente feliz por termos discutido tão agradavelmente entre amigas e cobaias o Retrato de Dorian Gray. Curisoamente nesse dia, Oscar Wilde tinha-me aparecido...pois ainda não enlouqueci, meus caros. Foi apenas uma aparição no Filme "Paris Je t'aime". E curiosamente, ele aparece-me no cemitério onde foi sepultado. Père Lachaise...a uns poucos metros da Clínica que me fez nascer.
O carro já chegou. Vou.Beijos

Dôda

Sou mesmo uma tonta.Tão tarde... Uma "dôda"...bem vou por-me a caminho de casa que hoje é mais longo. É a pé. Pé a pé...e está um frio de rachar. Sim porque para variar, o carro desapareceu. Talvez regresse amanhã...isto de emprestar o carro na tentativa de ajudar tem muito que se lhe diga! É, agora sou a cinderela...ao chegar a casa, o sapato talvez me sirva de tanto espezinhanço sobre a calçada. E na tentativa de me por em casa até à meia noite, talvez a carroça de um qualquer transeunte se transforme em abóbora(ou abóboda?). Eu até gosto mais de abóbora.
Amanhã é um novo dia.

RIP Idalina Gomes

Esta noite, com a alma em chamas, chamo por ti na esperança, que no desejo, te ressuscite. O olhar embebido por um sentimento pouco familiar. O teu caminho esse sim , familiar. Em 1998, o meu irmão, teu colega de missão partiu, como tu, à conquista de um sonho: a partilha. A partilha do amor, do saber. Rumo a Moçambique, Cuamba, deixou-se para trás, levando apenas na bagagem, o seu coração. Nós, nós ficámos. Ficámos a ver, durante dois penosos anos, envergonhando-nos das nossas pedras mecânicas ao rubro num corpo de cimento que nos enterra os pés bem no fundo da terra. Sem sonhos de partilha. Mas com o olhar posto no céu. Esta noite, a minha pedra mecânica roça-se por dentro contra as paredes da minha carne. E penso, penso no que estarão a sentir...todos: os que te mataram...se esta noite, o encosto das suas cabeças lhes pesa mais? Se o pescoço que sustenta a memória, roçará irritantemente sobre a fronha? A fronha da memória? E...os que te amam...é por eles que nesta noite vou pedir ao Céu. Vou pedir-Lhe que te abraçe pois és uma nuvem de vida. Que te abraçe, para que não te escapes da nossa memória, para que fiques pintada eternamente, como efígie do Amor que nos pode unir, a todos. RIP Idalina Gomes.

sábado, novembro 04, 2006

Best...The Number of The Be(a)st

Uma semana extenuante, contudo excitante. Alegre. Sinto-me desesperadamente exausta. Viva exausta. As dificuldades crescem desesperadamente na tentativa de me possuírem desalmadamente. Luto. O cursor escapa-se. A vista também.
Coisa muito boa desta semana: And the winners are Moonspell
Pelos
Anos a
Remar,
Apaixonados, são hoje
Best Portuguese
Enchantment &
Navigator
Souls