quarta-feira, janeiro 23, 2008

A mão que fez a mão.

O poder do corpo. O poder que o corpo exerce sobre a vítima. E o corpo da vítima. A frágil essência de um corpo desnudado, que se despeja num sopro agitado sobre outro corpo.
E o corpo de um morto? Peguei-lhe na mão. A mão de um corpo morto. A nossa mão, em vida, pegada à de um corpo para além do nosso entendimento. Não me esqueço. Não lhe queria, de todo, esquecer a mão. A mão que me abraçou, a mão que me amou. A mão que me alimentou. A mão que fez a mão.

Tenho saudades suas, avó.

2 comentários:

One.man.revolution disse...

Saudades

Leva este ramo, Pepita,
de saudades portuguesas;
é flor nossa, e tão bonita
não na há outras devesas.

Seu perfume não seduz
não tem variado matiz,
vive à sombra, foge à luz,
as glórias d’amor não diz;

mas na modesta beleza
de sua melodia
é tão suave tristeza,
inspira tal simpatia!…

E tem um dote esta flor
que de outra igual não se diz:
não perde viço ou frescor
quando a tiram da raiz.

Antes mais e mais floresce
com tudo o que as outras mata;
até às vezes mais cresce
na terra que é mais ingrata.

Só tem um cruel senão,
que te não devo esconder:
plantada no coração,
toda outra flor faz morrer.

E, se o quebra e despedaça
com as raízes mofinas,
mais ela tem brilho e graça,
é como a flor das ruínas.

Não, Pepita, não ta dou…
Fiz mal em dar-te essa flor,
que eu sei o que me custou
tratá-la com tanto amor.

(Almeida Garrett)

A memoria de uma mão, a mãe de uma mãe, a suavidade de suas rugas, as marcas de uma vida de aventuras e desventuras. Privilégio estar lá, recordar o toque, o cheiro, a paz encontrada.
Ficam as memorias para matar esta fome que é a saudade, que sentimos por quem nos definiu...e partiu.

Como te compreendo...

Anónimo disse...

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