Passei e passeiei uma semana insólita: entre falsificar assinaturas (autorizadas...calma...), oferecer uma boleia a Monsenhor C. dos seus 70 e poucos anos, que por sua vez resolve, no nosso primeiro e julgo que último encontro e por mero acaso, surpreender-me com uma peça trazida de Angola/half made in Congo. Diz-me: "é de pedra semi-preciosa, Sophia. Malaquita. É para que olhe para ela e não se esqueça de me ir visitar a África, se ainda nessa altura estiver vivo." Resolvo contar-lhe acerca do micro-clima que é o "nosso" submundo da música menos popular. Arrisco, pois: entendo que para o fundador da Episcopal, a conversa é no mínimo insólita. Mas acho por bem fazê-lo, porque é necessário espalhar o sentimento de uma "outra" realidade. Ri-se para mim, como se regressasse ao tempo dos seus 20 anos, em que de mala feita parte ao encontro do desconhecido. Ele percebe. Eu sabia. Saboreia-me. Saboreia os meus traços de vida. Interessa-se porque tem a eterna juventude pintada no coração, nas mãos do pensamento, e nas pernas rebeldes que o levam a viajar diariamente, em prol das missões que espalha há 5 décadas. Pinta-me o horror de Angola. Diz-me que a riqueza de Angola é pouco justa porque não é evolutiva. Estagna. "A riqueza dos ricos de Portugal, Sophia, em certos casos, cria emprego, cria melhores condições a quem não tem, embora desiquilibradamente. Em Angola, a riqueza não produz. Apenas compra. Diz-me que a solução de Angola, está nas mãos da próxima geração. Que nesta, a pobreza perdurará. Refere-me ainda algumas amizades que travou: escritoras todas elas e indica-me 3 livros. Aproveito para agradecer aos 2 fiéis leitores localizados em Angola que me lêem neste blog. Eu sei que estão de olhos postos nestas linhas. Praz-me saber que em Angola, me lêem.
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Nesta semana, passei a conhecer um pouco mais o Ion. Tem tranças loiras escondidas por debaixo do cabelo. Weirdow. Romeno, a embelezar-me os minuciosos m2's da minha singela mas amada casa. Conhecemo-nos há mais de 4 meses. Mas só ontem resolvi dar-lhe um pó da minha confiança. Pede-me para o tratar por João. Ion? João?! Insisto: Ion! Romeno é romeno. Quero ver a cara dele quando lhe oferecer um disco nosso:)
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Descobri que vivo paredes a meias com a "Residência espanhola", mas em versão germânica: vivo no 1º F. O 1º A bomba toda a noite. Dou graças às janelas "à prova de tudo". São simpáticos. São 3 alemães que não pescam português. Provavelmente da minha idade, e sabe-se lá a viver para quê. Bato-lhes à porta para uma autorização de obra. Recordo apenas a visão de um corredor forrado a livros, livros, livros, e livros. Penduram-se frequentemente à janela, para partilharmos o m2 de vista:) Fantástico! Sophia: ordem do dia: pouca confiança! Alerta. Perigo de degeneração. Estes tipos são bombas armadilhadas.
A filha da porteira chama-se Carina. Tem 20 anos. O olhar perdido. Síndrome de Down. É linda. Porque a vejo assim. Na semana passada, sem chaves de acesso à porta de entrada do prédio, fiz-lhe sinal pela porta envidraçada, para que a abrisse. Passei 20 minutos como ela passou 20 anos. A fazer sinal. Passados 20 minutos, pus-me a rir. Achei a Carina fantástica. Não cedeu. De down não tem nada. Olhava simplesmente, calmamente para mim. Porque afinal de contas, nós é que somos os palhaços. Eles são detentores de uma clareza e pureza fora do vulgar. Recorda-me outro caso de síndrome de down. Stéphanie. Passámos férias juntas no ano de 1993. E ainda hoje, mato-me de saudades.
"La malaquita es la piedra de la inteligencia y favorece la inspiración; es el símbolo de la creatividad" Wik.
sábado, setembro 22, 2007
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1 comentário:
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