sexta-feira, novembro 02, 2007

Morte Viva

Recorda-me aos poucos alguns episódios. Vou seguir o conselho do meu amigo Tiago: contar-vos. Embora exponha ....mas são contos. Remember?
Recorda-me o regresso de um ensaio em Moscavide:NUA, 1995. Regelados, orando para que o tempo se apressasse. Meia noite. um 28 em ponto de miragem. Eis o exemplo do quão errado é orarmos para que algo aconteça, contrariando a vontade de servir a quem de Direito.
Interpela-me. Fala-me do Ultramar. Abre a mala, negra morte: avisto a mão cerrando a Morte. A arma. Pegou-lhe. Pede-me para a fixar. O envelhecido e vidrado olhar pedia-me para que a servisse. A arma era o seu Deus. Senti naquela esquina do tempo, que o meu coração bem podia rebentar-lhe na cara, a qualquer momento. A agulha da decisão ondulava entre a razão e a emoção, a dualidade rotineira de um homem cão, de um homem morto consumando-se no aconchego de um homem vivo.
Não sei. Os olhos de um morto postos nos olhos de um vivo - o parto de um momento mágico: a celebração da Morte Viva. Recolheu a arma, suando a vergonha. Afastou-se vestindo-se lentamente de nevoeiro. Se hoje me perguntam se temo um palco, instala-se o vazio. É no palco que me sinto mais protegida. O grande abraço da minha vida é um palco a vir-se. O palco é o útero das nossas vidas.

1 comentário:

Anónimo disse...

3a, for sure. Weird things happen to you! dresses with sleeves!?! Christian Louboutin Pumps