sexta-feira, novembro 30, 2007
Essência
Sabes que um dia, morro. Um dia a vida mata-me de vez, e roubar-te-á da minha essência. Nunca mais, me hás de por a vista. Nunca mais hás de por a vista sobre a minha distinta essência.
Fraude
Confesso-me, baixinho, pela noite: "Sophia, és a maior fraude deste tempo":)
Escrevi algures no carro, num momento perdido entre hoje e hoje: sou, para ti, um paradoxo. Um paradoxo não é mais do que o efeito de desparametrização das tuas crenças, dos teus valores.
A ti, te pergunto, em Verdade: como posso ser o que não sou?
Escrevi algures no carro, num momento perdido entre hoje e hoje: sou, para ti, um paradoxo. Um paradoxo não é mais do que o efeito de desparametrização das tuas crenças, dos teus valores.
A ti, te pergunto, em Verdade: como posso ser o que não sou?
domingo, novembro 25, 2007
Cinemuerte @ MTV
O meu Hi5 sempre serve para alguma coisa, nem que seja para me por a par das nossas investidas por terra de Sua Majestade. Sabia que o vídeo tinha-se lançado ao mar para aprovação em terras de Sua Majestade no canal da MTV (PT).
"Vi ontem no headbangers ball o teu novo videoclip "cinemuerte - Underwaters" curti mesmo bue! esta mta fixe.. os meus parabens! **"
@ Sophia Hi5
(Curiosamente, o Hi5, afinal, não é apenas um putedo, mas é o site com maior feedback, para Cinemuerte. Talvez o putedo dê asas à imaginação.
Obrigada pela info Tarântula Campos*
E por ter bebido da essência de Sua Majestade hoje, recomendo-vos Cate Blanchett que me quebra sempre o sentido.
http://www.elizabeththegoldenage.net/
Disseram-me que pecava pelo desfecho. Não achei nada. Próprio de uma Rainha.
Aconselho-vos igualmente
Shoot'em Up. Ou se odeia, ou se adora. Clive....Clive...Clive...Clive ..ok Bellucci tb! Banda sonora: excelente (Ac/Dc MCrue, Wolfmother,entre outros).
http://www.shootemupmovie.com/
Caveira
http://www.thetemple.com.pt/
Hum...postas , impostas as limitações da tecnologia que me perturbam o espírito e me incapacitam como um cego para um por-de-sol abrasador, aqui me remeto às linhas que cozem o meu passado. Maldita tec!
'Bora, então dar a volta à "coisa". Uma vez que me sobeja uma hora de descanso, por hoje.
Deixo-vos, aqui, o apelo de uns preciosos amigos:
"Os The Temple atingiram o numero 17 na Hit List Portugal da Mtv!
Obrigado pelo apoio!
Agradeço que continuem a votar e a passar palavra para que possamos chegar ainda mais alto.
Não se esqueçam que podem votar diariamente, é só registar em www.mtv.pt ou clicando no link em http://www.thetemple.com.pt
ROCK NOW!
SOCIETY LATER!"
sexta-feira, novembro 23, 2007
A Fúria
Wow..!Tks!
http://forum.somxl.com/lofiversion/index.php?t51405.html
Sinceramente, não sei se continuamos no primeiro lugar. Mas o importante é que lá chegámos, que o nome se atravessou na mente de uma qualquer alma perdida nos corredores dos media. Sei que muitos foram aquele que votaram, não uma mas várias vezes. Eu tb votei. Várias vezes. O vídeo lá passa. Mas era importante que trespassasse. E trespassou. Mas o que trespassou notoriamente, foi a vossa, diria, magia. A magia de quem come arte. Como arte, porque é o sustento, o pão para a boca que me move. Espero que a magia do próximo disco, que me bate à porta do coração, abra o vosso coração. Que abra, em flor, o palpitar da vossa respiração. Que parta a casa,que parta o recheio que arde sem se ver . Espero que comam de mim, de nós. Algo de canibalesco, certamente. Nada mais, nada menos do que a fúria da arte que come e se consome.
Ah...recordas-me essa fúria que vi pingar melosamente no teu rosto.
Ah...recordas-me essa fúria que vi pingar no meu rosto.
Ah ...recordas-me essa fúria que vi pingar no nosso rosto, ao beijarmos Deus.
Nunca a deixes....a Fúria. Não me abandones.
http://forum.somxl.com/lofiversion/index.php?t51405.html
Sinceramente, não sei se continuamos no primeiro lugar. Mas o importante é que lá chegámos, que o nome se atravessou na mente de uma qualquer alma perdida nos corredores dos media. Sei que muitos foram aquele que votaram, não uma mas várias vezes. Eu tb votei. Várias vezes. O vídeo lá passa. Mas era importante que trespassasse. E trespassou. Mas o que trespassou notoriamente, foi a vossa, diria, magia. A magia de quem come arte. Como arte, porque é o sustento, o pão para a boca que me move. Espero que a magia do próximo disco, que me bate à porta do coração, abra o vosso coração. Que abra, em flor, o palpitar da vossa respiração. Que parta a casa,que parta o recheio que arde sem se ver . Espero que comam de mim, de nós. Algo de canibalesco, certamente. Nada mais, nada menos do que a fúria da arte que come e se consome.
Ah...recordas-me essa fúria que vi pingar melosamente no teu rosto.
Ah...recordas-me essa fúria que vi pingar no meu rosto.
Ah ...recordas-me essa fúria que vi pingar no nosso rosto, ao beijarmos Deus.
Nunca a deixes....a Fúria. Não me abandones.
quinta-feira, novembro 22, 2007
22
Soube, assim que acordei, que hoje era um dia especial. Um 22 teimoso. Uma luz ténue a acariciar-me pelo caminho:)
segunda-feira, novembro 19, 2007
Póstuma
Mulher
Acho-me, sinceramente a Mulher do Ano:) Ou pelo menos, a Mulher do dia. "Sophia, 'bora ser humilde!":)
Passei o fim de semana a cuidar de 3 crianças, 9 meses, 3 e 5 anos. Mas são elas que mais cuidam de mim, com todo o amor que elas me dão. Fraldas, banhocas, desenhos, idas ao cinema, choradeiras, alegrias, jogámos à bola, improvisos de lanche, isto com um mix de pouquíssimas horas de sono desde quinta feira. Ainda fui ver Young Gods em formato acústico, e acabei por firmar um contacto, não sei bem como e porquê, com o manager da banda. Posto isto,acabei por escrever a música da minha vida, à meia noite de ontem.
Por último e não sei se em resposta à banda sonora do blog que tinha posto este fds, no eco de "Call me " dos Blondie, recebi uma chamada de quem eu não esperava, de todo.
Passei o fim de semana a cuidar de 3 crianças, 9 meses, 3 e 5 anos. Mas são elas que mais cuidam de mim, com todo o amor que elas me dão. Fraldas, banhocas, desenhos, idas ao cinema, choradeiras, alegrias, jogámos à bola, improvisos de lanche, isto com um mix de pouquíssimas horas de sono desde quinta feira. Ainda fui ver Young Gods em formato acústico, e acabei por firmar um contacto, não sei bem como e porquê, com o manager da banda. Posto isto,acabei por escrever a música da minha vida, à meia noite de ontem.
Por último e não sei se em resposta à banda sonora do blog que tinha posto este fds, no eco de "Call me " dos Blondie, recebi uma chamada de quem eu não esperava, de todo.
sexta-feira, novembro 16, 2007
A Simple Mistake
Anathema - A Simple Mistake Lyrics
think for yourself you know what you need in this life
see for yourself and feel your soul come alive tonight
here in the moment we share, trembling between the worlds we stare
out at starlight enshrined, veiled like diamonds in..
...time can be the answer, take a chance, lose it all
it's a simple mistake to make to create love and to fall
so rise and be your master you don't need to be a slave
of memory ensnared in a web, in a cage
i have found my way to fly free from the constraints of time
i have soared through the sky seen life far below in mind
breathed in truth, love, serene, sailed on OCEANS OF BELIEF
searched and found life inside, we're not just a moment in time...
....can be the answer, take a chance lose it all
it's a simple mistake to make to create love and to fall
so rise and be your master you don't need to be a slave
of memory ensnared in a web, in a cage
think for yourself you know what you need in this life
see for yourself and feel your soul come alive tonight
here in the moment we share, trembling between the worlds we stare
out at starlight enshrined, veiled like diamonds in..
...time can be the answer, take a chance, lose it all
it's a simple mistake to make to create love and to fall
so rise and be your master you don't need to be a slave
of memory ensnared in a web, in a cage
i have found my way to fly free from the constraints of time
i have soared through the sky seen life far below in mind
breathed in truth, love, serene, sailed on OCEANS OF BELIEF
searched and found life inside, we're not just a moment in time...
....can be the answer, take a chance lose it all
it's a simple mistake to make to create love and to fall
so rise and be your master you don't need to be a slave
of memory ensnared in a web, in a cage
quinta-feira, novembro 15, 2007
Moteís
A frase do dia, e que se veio alojar na minha mente graças à Ch de quem eu gosto tanto e a quem devo tanto pela preciosa, cuidada manutenção à minha saúde mental, neste último par de anos que tanto me deu, e me roubou. Que me vai pondo a par destas pérolas. Viva a Ch! Cada vez que penso em ti Ch, ao deitar da noite, não sei, mas recordas-me sempre o Che Guevara...não me perguntes:) Coisas de gente louca.
"Os motéis são dos locais mais honestos do planeta."
in
http://www.sensibilidadeebomsenso.blogspot.com/
Cool Times
Cool times. Ainda que me tenham partido o carro ontem, que tenham fugido, estou sem acentos no teclado, teclas trocadas..perdoem( ja nada me incomoda. Ok. Fugiram. Fogem deles proprios. ]Eo que me atravessa o pensamento. Cool times. Remeto/me a sagrada sopa que m espera a ferver. A santa sopa que faco ao despertar do sabado e que desfaco na semana, numa digestao cool. A sopa esta a ferver. Vou/me. Um beijo.
terça-feira, novembro 13, 2007
sexta-feira, novembro 09, 2007
Borbo letra
Obrigada M.C.:) A borboleta repousa no ombro lilás da sala. Quando acordo a meia da noite, assaltada pelo pestenejar anónimo de um telemóvel ansioso, raivoso, sigo para a sala. Sento-me sobre o chão de madeira que me abraça como um barco à deriva no mar. E vejo-a a voar. A voar, e pergunto-me se estou deitada no quarto, a sonhar.
terça-feira, novembro 06, 2007
segunda-feira, novembro 05, 2007
Tristezas e Alegrias
"Ai Sofia SOfia essa tua voz é de louvar o céu imundo de tristezas e alegrias que por vezes nos faz sentir... Excelente a tua presença no Coliseu!!! Para quando lá param os Cinemuerte? Beijo lunar..."
Para breve Pedro* Nem que daqui a mil anos.
Para breve Pedro* Nem que daqui a mil anos.
Indiegente
To M. C.
No meu coração, em forma de abismo, espremo-me e apago-me deambulando nas ruas bastardas de Campo de Ourique. Um silêncio de Morte. Meia Noite. Atravesso o regresso. Domingo, subo a monte, pelas escadas em borboleta. Adormecemos o vocábulo ao som de um Indiegente.
No meu coração, em forma de abismo, espremo-me e apago-me deambulando nas ruas bastardas de Campo de Ourique. Um silêncio de Morte. Meia Noite. Atravesso o regresso. Domingo, subo a monte, pelas escadas em borboleta. Adormecemos o vocábulo ao som de um Indiegente.
sábado, novembro 03, 2007
S
To S
Contaram-me a 12 que sou tua
Que te fui dada em troca de
Que és o meu público de 1ª fila
Que num único e sentido expiro
Morro-me em palco para te servir
Dar-te-ei o mundo para te rires
E Pensar que te vi
Felino em vida
Que o fundo do mar, brada-me hálito
De um ir-me sem te vires
6, 8 de criança, pevide de vida
A memória narcótica
Entorpecida pelas cordas da cama
Que nos atavam a 3 pela noite.
Contaram-me a 12 que sou tua
Que te fui dada em troca de
Que és o meu público de 1ª fila
Que num único e sentido expiro
Morro-me em palco para te servir
Dar-te-ei o mundo para te rires
E Pensar que te vi
Felino em vida
Que o fundo do mar, brada-me hálito
De um ir-me sem te vires
6, 8 de criança, pevide de vida
A memória narcótica
Entorpecida pelas cordas da cama
Que nos atavam a 3 pela noite.
sexta-feira, novembro 02, 2007
Morte Viva
Recorda-me aos poucos alguns episódios. Vou seguir o conselho do meu amigo Tiago: contar-vos. Embora exponha ....mas são contos. Remember?
Recorda-me o regresso de um ensaio em Moscavide:NUA, 1995. Regelados, orando para que o tempo se apressasse. Meia noite. um 28 em ponto de miragem. Eis o exemplo do quão errado é orarmos para que algo aconteça, contrariando a vontade de servir a quem de Direito.
Interpela-me. Fala-me do Ultramar. Abre a mala, negra morte: avisto a mão cerrando a Morte. A arma. Pegou-lhe. Pede-me para a fixar. O envelhecido e vidrado olhar pedia-me para que a servisse. A arma era o seu Deus. Senti naquela esquina do tempo, que o meu coração bem podia rebentar-lhe na cara, a qualquer momento. A agulha da decisão ondulava entre a razão e a emoção, a dualidade rotineira de um homem cão, de um homem morto consumando-se no aconchego de um homem vivo.
Não sei. Os olhos de um morto postos nos olhos de um vivo - o parto de um momento mágico: a celebração da Morte Viva. Recolheu a arma, suando a vergonha. Afastou-se vestindo-se lentamente de nevoeiro. Se hoje me perguntam se temo um palco, instala-se o vazio. É no palco que me sinto mais protegida. O grande abraço da minha vida é um palco a vir-se. O palco é o útero das nossas vidas.
Recorda-me o regresso de um ensaio em Moscavide:NUA, 1995. Regelados, orando para que o tempo se apressasse. Meia noite. um 28 em ponto de miragem. Eis o exemplo do quão errado é orarmos para que algo aconteça, contrariando a vontade de servir a quem de Direito.
Interpela-me. Fala-me do Ultramar. Abre a mala, negra morte: avisto a mão cerrando a Morte. A arma. Pegou-lhe. Pede-me para a fixar. O envelhecido e vidrado olhar pedia-me para que a servisse. A arma era o seu Deus. Senti naquela esquina do tempo, que o meu coração bem podia rebentar-lhe na cara, a qualquer momento. A agulha da decisão ondulava entre a razão e a emoção, a dualidade rotineira de um homem cão, de um homem morto consumando-se no aconchego de um homem vivo.
Não sei. Os olhos de um morto postos nos olhos de um vivo - o parto de um momento mágico: a celebração da Morte Viva. Recolheu a arma, suando a vergonha. Afastou-se vestindo-se lentamente de nevoeiro. Se hoje me perguntam se temo um palco, instala-se o vazio. É no palco que me sinto mais protegida. O grande abraço da minha vida é um palco a vir-se. O palco é o útero das nossas vidas.
Osso puro
Ponderei expor o historial materno, mas decidi-me. mais cedo ou mais tarde, alguém trataria de o fazer. Posto isto, prefiro tomar a iniciativa. Este post é desajeitado. Não tem espírito. Não tem beleza. Tentei dar-lhe a special touch...em vão. Há contos de osso. É osso. Osso puro.
Façam de conta que " e era uma vez...".
Vou contar-vos um pouco da minha cor.
Prometo que pensarão antes de se aproximarem na minha direcção. Legítimo. Certo. Mas quem me conhece, sabe do que sou.
Um anti marketing pessoal à prova de tudo. A vida conta-se porque se vive para contar. O tabuísmo fica no patamar da porta desta casa. Aqui, expurgam-se vidas.
Há quem julgue que me conhece, pelo que aqui passo a citar esquissos do vosso seguríssimo conhecimento acerca da minha pessoa:)
Ela chegou-se perto de mim, o lábio frio superior estalando-se de secura contra a minha pele, aligeirando-me a curva do rosto, cravando-me a dor da incerteza: "a menina foi-Me oferecida pela sua avó, tinha a menina 8 anos." Guess who and Who?
Os meus bisavós praticavam bruxedo como quem lava pratos. Enterravam galinhas vivas e afins. Morreram ambos queimados, caindo em queda na sua própria fogueira.
O meu avô materno, era são ciprianomaníaco. Guardo religiosamente as suas cartas. As que mais me tocam são do período fascista em que ele nos conta o país, endereçando-nos as suas visões, em cartas de tom esperança, para Paris. Desapareceu nos anos 90, sem deixar rastos. Decorridos 4 anos sobre o desaparecimento, o corpo foi encontrado na mata de Mação: a Guarda Nacional Republicana recolheu-lhe as ossadas - os ossos do seu alto corpo, esquissos de uma distinta refeição de lobos que marcam aquela Mata, outrora frequentada pelos espíritos que os seus pais teimavam desafiar . Guardo religiosamente as fotos e reportagem anexa do Instituto de Medicina Legal de Coimbra. Para nunca mais esquecer. A minha avó, sociopata, nos anos 70, foi corrida do Hospital Júlio de Matos, por ali se considerar que a malvadez não tem cura. Manuseia a faca com estilo, há anos. A brujeria tb. Intervalavam-se as crises com injecções de cavalo de 115/112 e colete de forças. Não a vejo há mais de 20 anos. As pedras, os pós nas meias, a merda do mundo ferido.
O meu Tio Avô Padre engravidou a prima com quem mantinha uma relação secreta. A prima enforcou-se. A propósito da minha avó, conta-se que ela, em miúda,terá visto um sujeito enforcar-se num descampado. Conta-se que o demónio que o possuia se teria apoderado dela.
O meu Tio Avô Álvaro, era o lobisomem "lá da terra". Só voltava, percorridos os sete castelos de um Alentejo profundo.
Administraram-me a extrema-unção em criança. A unção é uma bênção de morte.
De cordas rijas de burro cansado, a minha avó atava-nos à cama, aos 3 pela noite.
Esperava por nós na escuridão, ao virar da esquina. Gemia de dor, de hálito a natas fervidas. Ameaçava-nos de morte ... à machadada. Aos 10 anos, virei-me para ela, e sugeri-lhe que lhe fosse comprar o machado. Professava venenos colorindo a sopa. Sopa de letras de ódio praguejado. A minha avó, levava-nos para a rua para nos "fazermos" aos cartazes da AD. Lembro-me de Sá Carneiro. Rasgavámos-lhe a face de papel. Curiosamente, ele viria a falecer no dia 4 de Dezembro de ...naõ me recorda. Recorda-me que o meu pai foi jantar nesse fatídico dia ao Tavares R., para celebrar o seu aniversário. Quando se sentou à mesa, o empregado disse-lhe : "Tivemos agora uma triste notícia: o Dr. Sá Carneiro acabou de falecer, vítima de um desastre de avião. Esteve sentado no seu lugar, hoje ao almoço.". Recordo-me de lhe rasgar a cara de papel. Tínhamos de fugir para não sermos apanhados pela Polícia. Tínhamos 8 e 10 anos. Naquela idade, aquele desvio, parecia-nos soberbo. Fugir? Foras de Lei. Soberbo. Ora cresci banhando-me de riqueza cultural embrulhada em dor.
Vivi com suicidas, depressivo-maníacos. Agarrei-lhes o espírito- por várias vezes, tive-la agarrada pelo braço num encosto de janela. Por várias vezes, limpei-lhe o vómito, a urina, e até as fezes. Passei temporadas em hospitais. Abandonei ensaios a meio sobressaltados. O pai sempre ausente.
Dois de nós, são fanaticamente pessoas de fé. Um missionário em Moçambique. Uma missionária de olhos postos no mundo. Vivi uma infância muito feliz até aos 7 anos de idade. Recordo-me de uma professora que deu cabo de mim. Enterrou o meu sorriso aos 7. Tive um episódio infeliz aos 11, aliás dois relacionados com sub-mundos: aos 11 e aos 13. Esses sub-mundos ficam no patamar à porta desta casa.
Fui adestrada no famosíssimo e bem cotado Liceu Francês Charles Lepierre cohabitando com a crème de la crème.Interpretando o papel de actores do mundo, curiosamente, intervalava a encenação num típico bairro alfacinha ao jeito do Pátio das Cantigas. Passávamos temporadas em casa de uma Tia Avó, muito pobre. Aprendi o conceito de reforma de 20.000,00 escudos. O pão sabia-nos melhor do que o pão dos nossos pais. Revestiu-me de uma dualidade que ainda hoje me pesa: a vida de um pobre vs. a vida de um rico. A vida de um louco vs. a vida de um feliz. É a chamada multiculturalidade. É disso que vos falo neste post. A multiculturalidade que pinta estas linhas, confere asas para altos vôos. O pássaro voa bem mais alto porque avista longinquamente.
Pergunto-vos se acham que sou feliz. Tenho os meus momentos de pura felicidade. A felicidade não existe. Existem sim momentos de felicidade. Aprendi que tudo passa. Tudo passa. Trespassa-nos mas passa. A Dor é um ingrediente construtivo, fortelecedor, uma vitamina F+: confere um poder. Preferia não ter sofrido claro. Mas teve um impacto profundo na visão que desenvolvi quanto ao que me rodeia, quanto aqueles que me rodeiam. O mundo abraça-me com o melhor e o pior, a cada momento que se esgota. E é nesse esgotamento, que o aprecio.
O mundo das supostas maldições não me pertence, mas percebi com o tempo que eu talvez Lhe pertença. Whatever. Não quero saber. Há de chegar o Dia. Sigo o meu precioso e ímpar desafio que é viver.
Posto isto, claro, vão pensar que é tudo mentira ...ou não...fruto da minha imaginação? Possivelmente:) BUH!
P.S.:Sei que não convém expor-me desta maneira. Tendo em conta que é um conto, assumo o risco.
Façam de conta que " e era uma vez...".
Vou contar-vos um pouco da minha cor.
Prometo que pensarão antes de se aproximarem na minha direcção. Legítimo. Certo. Mas quem me conhece, sabe do que sou.
Um anti marketing pessoal à prova de tudo. A vida conta-se porque se vive para contar. O tabuísmo fica no patamar da porta desta casa. Aqui, expurgam-se vidas.
Há quem julgue que me conhece, pelo que aqui passo a citar esquissos do vosso seguríssimo conhecimento acerca da minha pessoa:)
Ela chegou-se perto de mim, o lábio frio superior estalando-se de secura contra a minha pele, aligeirando-me a curva do rosto, cravando-me a dor da incerteza: "a menina foi-Me oferecida pela sua avó, tinha a menina 8 anos." Guess who and Who?
Os meus bisavós praticavam bruxedo como quem lava pratos. Enterravam galinhas vivas e afins. Morreram ambos queimados, caindo em queda na sua própria fogueira.
O meu avô materno, era são ciprianomaníaco. Guardo religiosamente as suas cartas. As que mais me tocam são do período fascista em que ele nos conta o país, endereçando-nos as suas visões, em cartas de tom esperança, para Paris. Desapareceu nos anos 90, sem deixar rastos. Decorridos 4 anos sobre o desaparecimento, o corpo foi encontrado na mata de Mação: a Guarda Nacional Republicana recolheu-lhe as ossadas - os ossos do seu alto corpo, esquissos de uma distinta refeição de lobos que marcam aquela Mata, outrora frequentada pelos espíritos que os seus pais teimavam desafiar . Guardo religiosamente as fotos e reportagem anexa do Instituto de Medicina Legal de Coimbra. Para nunca mais esquecer. A minha avó, sociopata, nos anos 70, foi corrida do Hospital Júlio de Matos, por ali se considerar que a malvadez não tem cura. Manuseia a faca com estilo, há anos. A brujeria tb. Intervalavam-se as crises com injecções de cavalo de 115/112 e colete de forças. Não a vejo há mais de 20 anos. As pedras, os pós nas meias, a merda do mundo ferido.
O meu Tio Avô Padre engravidou a prima com quem mantinha uma relação secreta. A prima enforcou-se. A propósito da minha avó, conta-se que ela, em miúda,terá visto um sujeito enforcar-se num descampado. Conta-se que o demónio que o possuia se teria apoderado dela.
O meu Tio Avô Álvaro, era o lobisomem "lá da terra". Só voltava, percorridos os sete castelos de um Alentejo profundo.
Administraram-me a extrema-unção em criança. A unção é uma bênção de morte.
De cordas rijas de burro cansado, a minha avó atava-nos à cama, aos 3 pela noite.
Esperava por nós na escuridão, ao virar da esquina. Gemia de dor, de hálito a natas fervidas. Ameaçava-nos de morte ... à machadada. Aos 10 anos, virei-me para ela, e sugeri-lhe que lhe fosse comprar o machado. Professava venenos colorindo a sopa. Sopa de letras de ódio praguejado. A minha avó, levava-nos para a rua para nos "fazermos" aos cartazes da AD. Lembro-me de Sá Carneiro. Rasgavámos-lhe a face de papel. Curiosamente, ele viria a falecer no dia 4 de Dezembro de ...naõ me recorda. Recorda-me que o meu pai foi jantar nesse fatídico dia ao Tavares R., para celebrar o seu aniversário. Quando se sentou à mesa, o empregado disse-lhe : "Tivemos agora uma triste notícia: o Dr. Sá Carneiro acabou de falecer, vítima de um desastre de avião. Esteve sentado no seu lugar, hoje ao almoço.". Recordo-me de lhe rasgar a cara de papel. Tínhamos de fugir para não sermos apanhados pela Polícia. Tínhamos 8 e 10 anos. Naquela idade, aquele desvio, parecia-nos soberbo. Fugir? Foras de Lei. Soberbo. Ora cresci banhando-me de riqueza cultural embrulhada em dor.
Vivi com suicidas, depressivo-maníacos. Agarrei-lhes o espírito- por várias vezes, tive-la agarrada pelo braço num encosto de janela. Por várias vezes, limpei-lhe o vómito, a urina, e até as fezes. Passei temporadas em hospitais. Abandonei ensaios a meio sobressaltados. O pai sempre ausente.
Dois de nós, são fanaticamente pessoas de fé. Um missionário em Moçambique. Uma missionária de olhos postos no mundo. Vivi uma infância muito feliz até aos 7 anos de idade. Recordo-me de uma professora que deu cabo de mim. Enterrou o meu sorriso aos 7. Tive um episódio infeliz aos 11, aliás dois relacionados com sub-mundos: aos 11 e aos 13. Esses sub-mundos ficam no patamar à porta desta casa.
Fui adestrada no famosíssimo e bem cotado Liceu Francês Charles Lepierre cohabitando com a crème de la crème.Interpretando o papel de actores do mundo, curiosamente, intervalava a encenação num típico bairro alfacinha ao jeito do Pátio das Cantigas. Passávamos temporadas em casa de uma Tia Avó, muito pobre. Aprendi o conceito de reforma de 20.000,00 escudos. O pão sabia-nos melhor do que o pão dos nossos pais. Revestiu-me de uma dualidade que ainda hoje me pesa: a vida de um pobre vs. a vida de um rico. A vida de um louco vs. a vida de um feliz. É a chamada multiculturalidade. É disso que vos falo neste post. A multiculturalidade que pinta estas linhas, confere asas para altos vôos. O pássaro voa bem mais alto porque avista longinquamente.
Pergunto-vos se acham que sou feliz. Tenho os meus momentos de pura felicidade. A felicidade não existe. Existem sim momentos de felicidade. Aprendi que tudo passa. Tudo passa. Trespassa-nos mas passa. A Dor é um ingrediente construtivo, fortelecedor, uma vitamina F+: confere um poder. Preferia não ter sofrido claro. Mas teve um impacto profundo na visão que desenvolvi quanto ao que me rodeia, quanto aqueles que me rodeiam. O mundo abraça-me com o melhor e o pior, a cada momento que se esgota. E é nesse esgotamento, que o aprecio.
O mundo das supostas maldições não me pertence, mas percebi com o tempo que eu talvez Lhe pertença. Whatever. Não quero saber. Há de chegar o Dia. Sigo o meu precioso e ímpar desafio que é viver.
Posto isto, claro, vão pensar que é tudo mentira ...ou não...fruto da minha imaginação? Possivelmente:) BUH!
P.S.:Sei que não convém expor-me desta maneira. Tendo em conta que é um conto, assumo o risco.
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