quarta-feira, junho 06, 2012

Tenho a voz no abismo.

Começaram as noites sem comer, os dias sem fim de trabalho, o trabalho que dá pão e o trabalho que alimenta a alma desnudada à procura de si.
Começaram as noites em que dou os maiores encontrões na noite profunda que me recebe à saída da sala de ensaio.  Passo fome, porque me esqueço. De mim.
Começaram as noites e o mundo passa por mim.
E quando me liberto por volta da meia-noite, percebo que me perdi na minha solidão, a que mais me ama, a que mais me respeita, que nunca me trai.
E deixamos tantas músicas e tantos sonhos para quem? E para quê? Tenho a voz no abismo. Dói-me, muito porque dê tudo, porque a dei a todos sem presença. Estou sem uma gota de voz nestas veias em jeito de trepadeira num corpo vertiginoso que me guia com os olhos postos em ti.

1 comentário:

Anónimo disse...

O sonhos podem perder-se no tempo mas as musicas ficam para a posteridade, um registo para futuras gerações e no presente para quem as gosta de ouvir nunca será uma tarefa perdida até porque sei que é feita com gosto.