segunda-feira, agosto 18, 2008

Partir o Infinito

Estou exausta assim como a bateria do meu telemóvel ao último ponto de vida...sinto que me encontro no fim, pronta para abrir um novo portão. Foi um ano difícil. Muito difícil. Venha o que vier, 'it's only rock n' roll'.
A fábrica dos sonhos espera-nos.
Tivemos festa cá em casa, no sábado, e até tivemos direito ao olho de vidro de José Cid, aos vinis do verão indiano de Joe Dassin, à rotação errada do Je t'aime moi non plus da Jane Birkin, e ao ímpar Puta Infernal (Filii Nigrantium Infernalium) em Vinil que o Sérgio Lopo (Cinemuerte) me ofereceu (nem queria acreditar-foi sem dúvida a melhor prenda dos últimos 10 anos!). Os meus amigos a dançar na minha sala, e a vizinha a berrar a ver se vencia em volume a puta infernal dos Fiili a rodar no meu perpetuum ebner :)Inesquecível. Digo-vos sinceramente, meus amigos, presentearam-me com uma noite que eu jamais esquecerei.
Finalizámos hoje um ano de trabalho intenso e posso adiantar-vos que sinceramente, fizemos parte de uma equipa de pessoas incríveis: incríveis pelo dom, e pela entrega e fé que depositaram na Aurora:)
O ano de trabalho encerrou-se hoje com as filmagens do vídeo para o tema 'Air' , single estreia de 'Aurora Core', o nosso mais-do-que-tudo, isto enquanto a cidade dorme de férias.
Voltando às filmagens, hoje, o Paulo Dobreira (realizador) cortou-me o vestido. Todo. O vestido que levei para abrir Chemical Romance no Coliseu, e que pensei nunca mais vestir. Cortou-me o vestido. Cortou-me o vestido e soube-me tão bem. Quando ele propôs-me cortar o vestido, não olhei para trás, nem por um segundo. Era o que eu mais queria hoje: algo que pudesse partir-me em dois. Carregava em mim, já há muitos dias, uma alma pesada de paixões.
Lembro-me de o ver hesitante. Lembro-me de o ver com um brilho nos olhos- aquele brilho que reflecte no próprio brilho. Pegar numa tesoura para destruir algo de minimamente belo, requer algum sangue frio. Engole-se a seco, no primeiro corte. Mas assim que o primeiro corte se esmaga no ar, cortar torna-se viciante. A vista do Paulo, perdeu-se entre a pele do corpo e a pele do tecido, como se estívessemos ambos a sonhar. Como se a minha carne deixara de existir. Tenho os joelhos em negra e o esqueleto torcido. Toda a dor vale mil palavras. Toda a dor vale por si.
Estou tão cansada que nem a mala consigo fazer. Mas vou partir. Dobrá-la ao meio, como me faço, a mim, quando a dor é infinita. Por um tempo, vou tentar partir o infinito.

5 comentários:

Anónimo disse...

Boas!Sábado foi, sem dúvida, muito bom...:-)Obrigado pela festa e fico contente que tenhas gostado da PI.

SN disse...

Não estive em corpo mas estive em alma

SN disse...

Comme la vague irrésolue

Sophia Cinemuerte disse...

Eu sei que estiveste assim como sempre estás.*

Anónimo disse...

Very thought provoking.wedding dress sleeves pumps christian louboutin. Lace Wedding Dresses