segunda-feira, abril 21, 2008

Carne Viva

Há coisas nesta vida, que nunca entenderei. Eu bem tento, traçar uma lógica. Mas ontem, quando finalmente adormeci, adormeci porque tinha encontrado uma poeira de lógica: o mundo é uma experiência. A vida é uma experiência. Não existe o certo ou o errado. As pessoas tentam acreditar que sim, assim como acreditam que dois mais dois são quatro porque é mais fácil viver com certezas.
Eu nunca vou acreditar que dois mais dois são quatro, porque assim que acabei de escrever esta palavra, o dois, já perdeu uns milésimos de milésimos na sua trajectória temporal, dada a mutação do espaço e do tempo sobre a matéria, se é que ela existe.
O meu pior defeito: ter fé. É uma cruz. Sou uma romântica, estupidamente romântica. Nestes dois últimos anos, e dada a minha maior exposição, sei que muitos me odeiam. Elas sabem quem são. Desejam o pior para mim. Fruto da ignorância. A inveja é o espelho maior da ignorância. Invejar uma vida que se desconhece...Como é possível tamanha estupidez?
Trocava já hoje a minha vida pela vossa. A vossa vida sem este pesado coração que trago ao ombro. O meu coração nasceu, tinha eu 20 anos. E desde então, nunca parou de tremer. Ele não bate. Estremece e aleija-me o ombro. Em carne viva, como agora mesmo. Tenho de fugir, para outro mundo. Um mundo sem gravidade, para que eu não o sinta. O coração.

1 comentário:

Inês disse...

Acredito que quando rasgamos a carne deixamos entrar também muita luz. É o peso dos nossos corações que nos caracteriza, o peso que suportamos. Para o bem ou para o mal: o mais precioso dos pesos.