terça-feira, abril 03, 2012

Nada.

Retiro
Praia Grande, Março 2012
Sentam-se ao meu lado os seus 83 anos.
Pinta o brilho da luz no seu rosto.
E retoricamente, expõe: "acha que ...(pausa) morrer...sente-se alguma coisa? Acha? Não se deve sentir nada, pois não? "
Respondo determinada para que a calma a abrace no olhar, frágil, temente: "não, não se deve sentir nada. Deve ser um pouco como quando se nasce. Nascemos sem nos lembrarmos de nada. É uma onda que passa por nós e que nos leva sem darmos por nada. Ninguém se lembra do antes, e não nos lembraremos do depois".

Nada
Nadam no teu olhar, as ondas da praia
As que te viram crescer com uma flor, lá ao longe, num horizonte vadio
Essas ondas que bem te queriam afogar,
Para que com a tua beleza, pudessem se pintar
Na noite que tudo apaga-
O interior do mar
Que mil segredos guarda
Como o teu, um dia aguarda.

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