quarta-feira, julho 27, 2011

Pela berma da estrada dos peixes



Foi, de manhã.
Na caminhada de 2 a 3 kilómetros pela berma da estrada dos peixes, passou por mim, claudicando. Frágil no olhar, submergiu. O mar teimou cuspi-la, como se não fosse aquele o seu lugar. Olhou para mim, de bojo explodindo para o ar.
Olhou para mim: queria mas não querendo.
Toquei-a, trajada de seda animal, e fervi ao sentir esta fragilidade que nos separa. O homem e o animal. Dois mundos. Duas perspectivas, dois olhares sobre o mesmo mundo. O nosso.
Queria agarrá-la e fugir daquele lugar apenas com ela, esta criatura de olho posto na minha mão. O olho afiado de quem teme tudo. Temia-me. Tentei puxá-la e ela pôs-se a olhar agnosticamente. Mas deixou. Deixou-se. deixou-se puxar.
Hoje salvei uma gaivota.

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